Corregedoria da Polícia de SP vai investigar participação de delegada em campanha de Nunes na TV
À CNN, campanha do prefeito disse que a servidora pode se manifestar como cidadã; Vanessa Guimarães não foi localizada para comentar o caso
A Corregedoria da Polícia de São Paulo vai investigar a participação de uma delegada na campanha na televisão de Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição.
A assessoria da Secretaria da Segurança Pública afirmou, em nota, que “a Corregedoria da Polícia Civil abriu um procedimento para apurar eventuais irregularidades envolvendo a delegada mencionada”, que fez ataques ao candidato Pablo Marçal (PRTB) durante inserção na TV.
Na gravação, a delegada Vanessa Guimarães afirma ter analisado o processo criminal em que o candidato Pablo Marçal (PRTB) foi condenado à prática criminosa conhecida como “phishing” — um tipo de crime cibernético que consiste em enganar pessoas para que compartilhem dados confidenciais.
O objetivo dos criminosos é ter acesso a contas bancárias, perfis de mídia social, entre outras informações das vítimas por meio de e-mails com links fraudulentos.
A delegada Vanessa, que atua na Polícia Civil de São Paulo, explica o que é relatado no inquérito da Polícia Federal denominada Operação Pegasus, que desarticulou em 2005 uma quadrilha especializada em invadir contas bancárias via internet. A montagem da campanha de Nunes ainda traz trechos do inquérito com uma foto atual de Marçal.
Associação de delegados
O presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil, Rodolfo Laterza, minimizou participação da delegada no horário eleitoral de Nunes. “A delegada pode se manifestar como cidadã”, diz o titular da Adepol à CNN.
Alguns delegados, ouvidos reservadamente pela CNN, disseram que há uma “zona cinzenta” na participação da servidora na campanha.
Prefeitura e campanha de Nunes
A Prefeitura de São Paulo disse que a ação é tema de campanha e que caberia à equipe do candidato Nunes responder.
A equipe da campanha de Nunes disse que “o inquérito e processo judicial que resultaram na condenação do candidato Pablo Marçal são públicos e acessíveis a qualquer pessoa do povo”.
A nota enviada à CNN diz ainda que “qualquer pessoa, em especial os especializados na área jurídica e penal, pode dar declarações públicas e técnicas para quem quer que seja no sentido de dar esclarecimentos e explicações para o público leigo.”
Por fim, a nota da campanha de Nunes diz ainda que “a Dra. Vanessa Guimarães tem, como cidadã, plena liberdade de participar do processo político partidário e de igual forma de prestar esclarecimentos sobre questões de seu domínio técnico e que digam respeito ao interesse da população sobre fatos de conhecimento público”.
E ressaltou que a peça publicitária foi produzida fora do horário de expediente da delegada e de seu local de trabalho. “A campanha não usou qualquer símbolo da Polícia Civil de São Paulo.”, finaliza.
A CNN entrou em contato com a delegada da Polícia Civil de São Paulo, Vanessa Guimarães, mas não obteve retorno até agora.
A CNN também pediu um posicionamento do delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Artur Dian, mas ainda não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
O que diz Marçal
Procurada, a campanha do candidato Pablo Marçal disse que “é inadmissível que um candidato use o recurso do Estado para fazer politicagem”. “O inquérito já foi instaurado e esperamos que tanto essa servidora pública quanto quem solicitou sejam devidamente punidos.”